‘Antes que o café esfrie’, e a complexa sensação de que nós só temos o agora

Se tivesse a chance de viajar no tempo e encontrar uma pessoa, quem você escolheria o que faria com essa chance? A premissa do livro “Antes que o café esfrie”, do escritor japonês Toshikazu Kawaguchi que tem chamado a atenção dos leitores brasileiros nos últimos tempos. Como cliente vivo, faço uso do Skeelo e recebi a obra para leitura no aplicativo, achei a premissa interessante e resolvi dar uma chance. Vamos de resenha? 

 
Antes que o café esfrie livro
Título: Antes que o café esfrie
Autor: Toshikazu Kawaguchi
Páginas:208 páginas
Editora: Valentina
Sinopse:  Se fosse possível viajar no tempo, quem você gostaria de encontrar? “Embora seja um livro ambientado no Japão, os temas que exploro são universais – amor, perda, recordações, amizade, gratidão, arrependimento e redenção.” Em uma ruazinha estreita e silenciosa de Tóquio, num subsolo, existe um estabelecimento que, há mais de 100 anos, serve um café cuidadosamente preparado. Além disso, uma estranha lenda urbana conta que os clientes podem viver ali uma experiência única: fazer uma viagem no tempo. Em Antes que o Café Esfrie, conheceremos quatro pessoas que precisam viver essa experiência, porém... A jornada envolve riscos e possui regras, por sinal extremamente irritantes: no passado, você só poderá encontrar pessoas que já estiveram no café; os clientes têm que se sentar numa cadeira específica e não é possível se levantar durante a viagem; nada que for feito ou dito mudará o presente; é preciso voltar antes que o café esfrie... Um livro para ser lido e relido... e relido... e relido... 
 
O livro é dividido em quatro histórias, todas interligadas pelo pequeno e pitoresco café Funiculi Funicula, localizado em Tóquio. Apesar de famoso pela lenda urbana de que é possível viajar no tempo, o café não tem uma clientela vasta e as poucas pessoas que ali frequentam já sabem de cor as regras para que, de fato, se possa realizar a façanha: só é possível fazer isso em uma cadeira específica; o que faz no passado, não altera o presente; no passado, você só pode encontrar pessoas que já estiveram no café; enquanto estiver no passado, não se levante da cadeira, correndo o risco de voltar imediatamente para o presente; e, por fim, mas não menos importante: faça o que tiver que fazer antes que o café esfrie.  

Essa coisa toda de viagem no tempo e as motivações para tal me deixaram em expectativa desde o início e quando soube da regra do café, achei genial. Como saber quanto tempo leva para o café esfriar? O que dizer e como dizer o que quer que seja? E se a pessoa em questão do passado for falecida, como lidar com a sensação de dizer adeus de novo? O livro mescla bem essas questões e, inicialmente, começa com a história de uma pessoa até então desconhecida para o café. Fumiko só estivera ali uma vez com seu então ex-namorado Goro e era justamente para esse dia que ela gostaria de voltar.
 
 
No entanto, ao longo das páginas, cada personagem que aparece, por pouco que seja, vai ganhando atenção, enredo e complexidade até que suas histórias também são contadas. Fica aqui a menção de Kazu, garçonete do café e quem guia cada cliente em suas respectivas viagens: vi que o livro tem sequência e espero que essa personagem ganhe mais destaque e, quem sabe, sua própria viagem.
 
Algumas coisas eu peguei no ar e fiquei feliz quando de fato aconteceram. Outras, fui tomada pela surpresa e choque quando li. Fica aqui a menção de como as personagens do livro são reais, com problemas e dores reais, levando o leitor a se colocar no lugar de cada uma. Fumiko, Kohtage, Hirai, Kei e Nagare trazem dores de diferentes aspectos e que nos são comuns; todos possuem motivos para viajar no tempo, para buscar a reparação das coisas, mesmo cientes de que o que quer que tenha feito no passado, o presente não muda.
 
 
Porém, se pudéssemos viajar no tempo e dizer ou deixar de dizer coisas, o que isso afetaria o nosso futuro?
 
Antes que o café esfrie é uma obra que causa uma sensação agridoce; um choro atrelado a um sorriso diante da beleza que é perceber que talvez os nossos desejos para viajar no tempo não sejam, necessariamente, para mudar o que tenha acontecido - porque isso, sem dúvida, não tem solução. Mas para mudar a nós mesmos, entender melhor o outro e a nós, também. Um livro que traz reflexões profundas e, ao mesmo tempo, relembra o bom e velho clichê de que nós só temos o agora. 

1 Comentários

  1. Já tinha visto esse livro pela internet e uma vontade que tenho faz tempo, é de entrar no universo literário japonês, boa parte dos livros de lá que vejo, trazem questões introspectivas e propostas de reflexões interessantes. Amei saber que tem no Skeelo, sou cliente da Vivo também, vou ativar o benefício da assinatura xD

    Garota do 330

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