‘Era Sol que me faltava’ também apresenta temas como racismo e violência policial
Ambientado na capital mineira e tendo como plano de fundo o carnaval de 2023, o primeiro do pós-pandemia, “Era Sol que me faltava”, de Lelê Alves, é um conto que aborda a energia juvenil em meio as celebrações da vida. Com casal de protagonistas afrocentrado, isto é, sendo ambos negros, o conto também aborda temáticas sensíveis como racismo e violência policial.
Segundo levantamento do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania do Rio de Janeiro (Cesec), 63% das abordagens policiais na cidade têm como alvo pessoas negras. Para Lelê Alves, autora do conto e mulher negra, retratar a própria realidade foi um dos pontos para escrever sobre a violenta abordagem policial que atinge jovens negros. “É algo que permeia a realidade do jovem negro no Brasil e que afeta, sim, as mulheres pretas, mães, irmãs, filhas e amigas. Às vezes até nós mesmas somos alvo dessa violência, dependendo do estereótipo que carregamos”, afirma a autora.
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Lelê Alves é natural de Belo Horizonte, escritora independente e poeta marginal. É autora de “Afro Afetos”(2021), “Geminianas”(2021), “Luz, Câmera, Rock!”(2020), também é produtora de Zines Poéticos de Afro Afetos e busca reescrever sua história, enquanto pessoa preta. “Escrevo o que a Lelê de cinco, dez, quinze anos deveria e gostaria de ter lido. As nossas possibilidades de amor e afeto, a nossa força e a nossa vivência. Por mais que não seja um estilo literário que a maioria das pessoas goste de ler, eu quero poder dizer minha verdade ”, afirma a autora que já teve suas poesias denominadas como pesadas demais. “Mas já parou pra pensar que se é difícil pra você ler, imagina viver? Agora eu escrevo tudo o que está entalado em minha garganta”, explica Lelê.
Como autora independente, Lelê enxerga a publicação num geral, seja tradicional ou não, um caminho árduo quando se trata de pessoas negras. “Não é somente na literatura, mas pra mim que vivo essa realidade, é surreal a quantidade de escritoras e criadoras de conteúdo literário que mereciam muito mais destaque e não têm engajamento. Não sei se é proposital, não sei se é por falta de apoio ou porque as condições sociais que nos permeiam ocasionalmente são mais precárias, mas as pessoas precisam dar uma chance a nossa história”. A autora ainda faz uma crítica às editoras, perfis literários e consumidores como um todo que parecem reservar seu tempo para escritores negros em uma época específica do ano. “A lista de pretinhos que mereciam mais reconhecimento é enorme. Fico boba quando vejo que pessoas como Olivia Pilar, Dayane Borges, Livia Ferreira, Thiarlley Valadares, Scarlett do Entre Sumários, que fazem livros e conteúdos muito necessários e não têm o mesmo engajamento Quem assume a responsabilidade se os projetos dos nossos não vão pra frente quando o único momento do ano que estão dispostos a nos ouvir é no mês de novembro?”, questiona.
No entanto, o conto não deve ser resumido a racismo. Com duelos de MCs, as festas de carnaval em Belo Horizonte, até as referências de disputa entre bairros da cidade, ‘Era Sol que me faltava’ é uma obra que celebra o amor negro que pode surgir em qualquer espaço e momento, inclusive, no carnaval. E a autora explica que a inspiração do conto e do nome veio da vida real. “Eu já tinha a ideia há um bom tempo, queria escrever algo sobre carnaval e pretinhos e principalmente quando vi a foto de inspiração do conto, dois pretinhos com fantasia de casal, ele com uma placa “era sol que me faltava” e ela vestida de sol, eu me apaixonei na hora”.
‘Era Sol que me faltava’ está disponível em formato digital na Amazon, está disponível no Kindle Unlimited e custa R$ 5,99 para quem deseja comprar. Você pode adquirir o seu clilcando aqui.
1 Comentários
Amei demais participar!!!! Obrigada pelo convite!
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