Definido pelo Wikipédia, o chick lit é descrito como “um gênero da ficção feminina que aborda as questões das mulheres modernas. Chick-Lits são romances leves, divertidos e charmosos, que são o retrato da mulher moderna, independente, culta e audaciosa”. Considerado por alguns como um nome pejorativo, o chick lit é descrito da mesma forma de como se espera que nós mulheres nos portemos: leves, seja no temperamento ou no peso; divertidas, mas sem serem escandalosas; charmosas, mas sem vulgaridade; independentes, mas que percebam que sem um relacionamento, estão incompletas; culta, porém não mais que o homem mais próximo; audaciosa, mas fraca o suficiente para ser salva.
Eu não tenho problema nenhum com o gênero chick lit, na verdade, já li bons romances da Sophie Kinsella e adoro “Os delírios de consumo de Becky Bloom”. No entanto, por que algo feito por mulheres com protagonistas mulheres é chamado de “literatura feminina” e quando um homem escreve algo, de qualquer gênero, é simplesmente literatura?
Conheço mulheres que escrevem fantasia, ficção científica, terror, suspense (em suas diversas variações e sub-gêneros), não-ficção (análises raciais, abordagens feministas, biografias e muito mais) e mulheres que escrevem romances. Eu sou uma mulher que escreve romance. Romances históricos, romances adolescentes, romances contemporâneos.
Somos mulheres. Mulheres que escrevem.
Mulheres que escrevem sobre dores, amores, universos paralelos ou inexistentes, ficção especulativa, super-heróis, vampiros, princesas, galáxias, monstros, zumbis, cemitérios. Somos mulheres que escrevem sobre o que bem entendem.
O que me difere, então, de outras mulheres que escrevem, além dos gêneros que decidimos colocar no papel?
Bem, nada.
Pois somos mulheres que escrevem. E, escrevendo, podemos escrever o que quisermos. E, o fato de nossas mãos femininas serem as que escrevem, independente de quais sejam os temas, não transformam a literatura em um subgrupo direcionado a um grupo específico com temas específicos e abordagens específicas esperando que nos transformemos em um grupo homogêneo que pensa igual, age igual e deseja as mesmas coisas.
Somos mulheres. Mulheres que escrevem.
Somos literatura. O “feminino” é só um sufixo adicionado para que, ao analisarem nossas obras, leitores masculinos as identifiquem como algo inferior. Afinal, literatura de verdade, é feita por homens.
Que se danem os homens, então, e quem quer que tenha adicionado a porra do sufixo.
Somos mulheres. Mulheres que escrevem.
Somos literatura.
6 Comentários
Ainda temos muitos rótulos que precisam ser despidos, embora há muitos séculos existam mulheres que já façam diferente, inclusive na literatura.
ResponderExcluirE se for para chamar de literatura feminina, que seja para lembrar que ali também tem uma história forte, fantasiosa, de ficção, histórica ou até mesmo água com açúcar, mas uma história que primeiro deve ser lida.
Isso mesmo, Andrea! Gostei do que você disse, podemos escrever o que bem entendemos. Obrigada por comentar.
ExcluirBeijos
Oie, tudo bem? Nunca prestei atenção na nomenclatura. Valorizo os mais diversos autores pelo que escrevem e não pelo gênero. Se Harry Potter tivesse sido escrito por um homem deixaria de ser especial? Creio que não. Ou se Harlan Coben fosse uma mulher perderia o talento? Não, concorda? Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirÉ verdade, Erika! É preciso entender que mulheres podem escrever o que bem entende e não serem reduzidas a uma única coisa.
ExcluirBeijos
cara, pensei em um milhão de formas de reponder seu texto, e simplesmente não tenho argumento nenhum. Mas fica aqui meu mais sinceros parabéns! Por um texto curto porém impactante.
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado, Renir! Obrigada pelo seu comentário. <3
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