Se você anda pelo bookstagram, conhece o título ‘A Garota do Lago’, já que a obra vive em promoção nas lojas online. Já li esse livro (e, inclusive, não sei bem porque não trouxe a resenha dele aqui) e, ao passear pelo stand de livros do Aracaju Parque Shopping, vi ‘Deixada para trás’ de Charlie Donlea, mesmo autor do livro citado no início deste post. Como gostei de A Garota do Lago, resolvi dar uma chance. Vamos de resenha?
Comprei o livro por R$ 10, é uma edição econômica: sem orelhas, páginas de um material mais fino, tipo folha de jornal, e capa mais mole. Achei que a experiência poderia ser ruim, mas no fim, é leitura do mesmo jeito. Esse parágrafo é uma análise sobre como a gente vangloria demais os materiais dos livros e depois reclama quando são caros. Quem sabe se a gente valorizasse mais as versões econômicas a literatura não alcançasse mais pessoas? Análises (e tabus sendo quebrados? HAHAHA).
Nicole Cutty e Meghan McDonald foram sequestradas na mesma noite. Duas semanas depois, Meghan é encontrada vagando por uma rodovia, mas Nicole permanece desaparecida. Um ano depois de sua vitoriosa fuga, Meghan lança o livro “Desaparecida”, relatando seus dias no bunker, o que sentira e como conseguiu escapar. O — ainda — desaparecimento de Nicole Cutty sequer é mencionado no livro e em suas dezenas de entrevistas na divulgação do livro.
Lívia Cutty é médica, aluna de patologia forense e irmã mais velha de Nicole. Quando o livro de Meghan vem a tona e toda a mídia que é dada ao seu retorno, mas nada é dito sobre sua irmã, Lívia se vê irritada — e culpada. O maldito livro de Meghan ocupa sua mesa de cabeceira e ela o lê com rapidez, numa tentativa de entender porque aquela garota fora bem-sucedida em permanecer viva, enquanto Nicole não. É quando, em suas aulas práticas no necrotério, o corpo de alguém ligado ao passado de sua irmã mais nova aparece.
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Meghan odiou escrever aquele livro e tudo o que veio com ele. As entrevistas, fingir que ainda era a garota que fora antes do sequestro, os sorrisos falsos, a constante presença de pessoas ao seu redor sem dá-la privacidade. Na terapia ela ainda tentava entender, lembrar-se do que passara naqueles dias, mas a cada nova sessão de hipnose, as coisas pareciam mais confusas, mais distantes. É quando Lívia Cutty entra em contato para contar a descoberta e pedir seu auxílio para ter mais respostas sobre o paradeiro de Nicole que lapsos de memória perturbam, trazendo muito mais do que ela sabia e fora mencionado no maldito livro.
O enredo é denso. Parece um pouco enfadonho e lento no começo, as descrições durante as autópsias feitas por Lívia parecem irrelevantes, mas não são. A narrativa brinca com idas e vindas a diversos momentos dentre o um ano que separa a noite do sequestro e o corpo de Casey Delevan, ligado ao passado de Nicole. Quanto mais Lívia e Meghan vão caminhando, mais as coisas parecem ganhar sentido, principalmente com o surgimento dos corpos de outras garotas que desapareceram e podem ter ligação. Como a sinopse do livro diz, porém, “o verdadeiro terror está em encontrar exatamente o que estávamos procurando”.
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Romance policial não é bem o meu gênero, então, para mim foi bem difícil imaginar quem seria o sequestrador. Logo, gostei de como o autor fez isso, guardou a informação para o momento mais oportuno, ao mesmo tempo que soltou várias possibilidades, fazendo-nos duvidar de qualquer pessoa da trama. Lívia e Meghan carregam bem o papel de protagonistas, cada uma com suas dúvidas, culpas, dores e anseios. Temos pouco acesso a Nicole, em sua maioria quando o tempo volta ao período anterior ao sequestro e, confesso, ela é bem chatinha e aparenta não ter tanto aprofundamento. No entanto, é através de Lívia que vamos entender sua irmã mais nova.
Os capítulos finais são ANGUSTIANTES! Ainda mesclando passado e presente, a agonia até que o sequestro seja de fato concretizado e assim a gente conheça, de uma vez por todas, quem levou as meninas… sério! Eu precisei parar várias e várias vezes para respirar, beber uma água, fazer alguma outra coisa. Nesse ponto, o autor deu um show, pois foi puro suspense. E, sinceramente? EU NUNCA IMAGINEI! Depois que o mistério é relevado até faz sentido algumas coisas, mas no decorrer do livro, pelo menos para mim, nunca passou pela minha cabeça que seria essa pessoa o culpado.
Deixada para trás só não leva cinco estrelas, pois eu sou birrenta e queria que uma única coisa fosse diferente. Talvez isso diga muito mais sobre mim do que sobre o livro, no fim das contas, mas isso não tira a maestria que foi a construção da narrativa da obra. Fica aqui a confissão de que não dormi direito por duas noites após finalizar a leitura HAHAHAHA Se você gosta de enredos densos, com investigação, narrativas que vai e voltam e muita agonia, esse livro é totalmente para você.
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