Depois de um hiatus não planejado por aqui - volta e meia isso acontece, então é bom evitar o drama e já ir direto ao ponto, não é mesmo? HAHA - mais uma resenha literária marcando presença aqui no blog. Dessa vez, o livro é parte do Clube de Leitura Intrínsecos, que comecei a fazer parte agora em 2020, em agosto. Se você ainda não conhece o clube e tem algumas dúvidas, caso queira conversar a respeito, é só chamar! :)
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A caixinha 026, de novembro de 2020, trouxe o livro “A segunda vida de Missy”, de Beth Morrey. Confesso que, desde a leitura de “A Troca”, livro da caixinha 024 do mesmo clube, que tenho gostado de livros com personagens idosos e o foco em seus dilemas e anseios. Na minha experiência literária, apesar de já ter lido de tudo, personagens principais com mais de 70 anos eram raros.
No início do livro, temos a impressão de Missy ser uma pessoa amargurada, chata. Criamos um estereótipo de idosa cabeça-dura, sem amigos, que vive apenas por não estar morta. Ao longo das páginas e capítulos, que não seguem uma ordem cronológica, entendemos sua trajetória, com focos em diversas fases de sua vida, desde a infância até a faculdade, casamento e gravidezes de seus filhos.
Confesso que essas idas e vindas ao passado me encantaram muito. Entender os contextos de cada época é fundamental para que o leitor entenda as decisões de Missy, mesmo que desaprove o que a personagem escolheu ao longo de sua vida. Com uma vida em segundo plano, tendo sempre a sombra do sucesso do marido e as obrigações de mãe e esposa para ofuscá-la, Missy se vê sem rumo agora que não tem o marido ao seu lado, brigou com a filha mais velha e o filho mais novo se mudou para a Austrália, levando seu precioso neto.
Acompanhar o recomeço de Missy é sensível e tocante. Sair da velha rabugenta que passa dias bebendo xerez em casa para a mulher sorridente, com desejo de viver, traçando metas, conhecendo pessoas é incrível. O livro apresenta, ainda, vários plotwits de enredo que se encaixam bem na história, sem que sejam forçados, apresentando surpresa ao leitor que se acostuma com o descobrir leve, mas ao mesmo tempo profundo, da vida de Missy.
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Todos nós convivemos com pessoas idosas e almejamos chegar a terceira idade com lucidez e saúde, mas sabemos as limitações físicas e emocionais que envolvem a idade. Ler uma personagem principal com 79 anos foi importante para entender nossos avós, nossos pais e a nós mesmos, quando chegarmos lá. Precisamos, antes de tudo, tirar o véu da rabugice e compreender os outros como pessoas: que sentem, que choram, que amam, que recomeçam, sem o conceito pré-estabelecido que envolve a idade. E a leitura de “A segunda vida de Missy” é uma boa maneira de começar a pensar nisso.
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