Título: Pequeno Manual Antirracista
Autora: Djamila Ribeiro
Páginas: 136 páginas
Editora: Companhia das Letras
Sinopse:Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em dez capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Até o momento eu só conhecia Djamila
Ribeiro como filósofa contemporânea brasileira, mas não tinha lido nenhuma de
suas obras, apesar de ter muito interesse pelo livro “Quem tem medo do feminismo
negro?”. Por isso, quando o pacotinho de natal da Companhia das Letras chegou
por aqui na última semana (correios, ah, correios), fiquei muito animada ao
receber o exemplar de “Pequeno Manual Antirracista”.
O livro é pequeno, tanto no tamanho do
exemplar, quanto em suas páginas, tendo 136 ao todo. Isso não significa, no
entanto, que a obra não seja aprofundada. Djamila Ribeiro é mestre em filosofia
política pela Unifesp, colunista do jornal Folha
de São Paulo e foi secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania do
município de São Paulo. Coordena a coleção Feminismos Plurais, da editora
Pólen, e, como já citado, é autora do livro “Quem tem medo do feminismo negro?”
e “O que é lugar de fala?”. Eu trouxe essas informações para deixar claro que
se tem uma coisa que Djamila tem é bagagem. Seja da vivência como mulher negra,
seja de conhecimento e estudo.
Divido em onze capítulos, a obra
apresenta passos a serem seguidos a fim de alcançar um objetivo final – a luta
contra o racismo vinda de qualquer pessoa, principalmente dos brancos, que
detêm grande parte (ou porque não todo) do poder brasileiro, seja político, econômico
ou acadêmico.
"Portanto, nunca entre numa discussão sobre racismo dizendo "mas eu não sou racista". O que está em questão não é um posicionamento moral, individual, mas um problema estrutural. A questão é: o que você está fazendo ativamente para combater o racismo? Mesmo que uma pessoa pudesse se afirmar como não racista (o que é difícil, ou mesmo impossível, já que se trata de uma estrutura social enraizada), isso não seria suficiente — a inação contribui para perpetuar a opressão".
É importante frisar que o livro não é
acusatório. Sempre que levantamos a palavra “racismo”, muitas pessoas se
inflamam, pois compreendem que apontar o racismo é, automática, chamá-los de
racista. E não é. A estrutura social que estamos inseridos é racista e é
preciso entender a estrutura para que, assim, possamos alterá-la. A estrutura
racista nos dá palco para termos atitudes racistas, logo, compreendê-la é a
chave para compreender o que somos e que fazemos. E o nosso papel em sociedade.
E não dá para entender a estrutura sem
falar sobre o racismo presente em todos os âmbitos da sociedade atual.
O diálogo é necessário e, como disse
uma das seguidoras lá no Instagram, o livro é urgente. É preciso compreender –
mesmo que já seja 2020 e a gente esperava que isso estivesse claro – que racismo
não é SÓ chamar alguém de macaco e a violência física. O racismo está no
dia-a-dia. No olhar, no descaso, no elogio disfarçado, na estrutura que
privilegia brancos e mata os negros numa espécie de “limpeza social”. Está na
falta de pessoas negras em posição de poder, fazendo com que essa estrutura
permaneça a mesma desde...
Bom, desde que a escravidão era
legitimada pelo Estado.
Gostou da resenha? Já leu o livro?
Conta aí pra mim. :)
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