ATENÇÃO: O TEXTO A SEGUIR CONTÉM SPOILERS
Dear White People volume 2 chegou ao
catálogo da Netflix dia 4 deste mês e, como de costume, não recebeu tanta
repercussão quanto nós esperávamos. Muitos usuários reclamaram que a própria
empresa de streaming tem anunciado o retorno de 13 reasons why (que chega ao catálogo dia 18 deste mês) com muito
mais empenho.
A
segunda temporada mantém o padrão de dez episódios com cerca de trinta minutos
cada. Nesta nova fase, as personagens lidam com as consequências de seus atos
na temporada anterior. Reggie (Marque Richardson), por exemplo, sofre com o
emocional abalado, por conta da arma apontada para si em uma das festas no
campus e o policial em questão permanecer impune. E Sam (Logan Browning) precisa,
além de enfrentar o recente término, encarar tweets maldosos de diversos haters inclusive, um em questão: @AltlvyW, que se esconde num perfil hostil, conservador,
racista e cheio de apoiadores.
É
interessante como a evolução de cada personagem é visível e conjunta nesta
temporada. As relações se estreitam conforme os problemas pessoais aparecem e o
plano de fundo começa a ficar ainda mais hostil. Após um incêndio na casa
Davis, a casa Armstrong Parker foi integrada, contra a vontade daqueles que lá
moravam.
Particularmente,
gostei bastante do foco que Joelle (Ashley Blaine) ganhou nesta temporada, pois
senti falta de um episódio focado nela na anterior. Este episódio, inclusive, é
um dos mais impactantes para mim, pois o que Joelle sente é muito comum entre
nós mulheres, mas principalmente para as mulheres negra mais escura, diante do
colorismo que é muito presente, inclusive aqui no Brasil.
A
aproximação isolada de alguns personagens também foi incrível, ao meu ver.
Sendo cada um envolvido na sua vertente de militância negra ligada aos seus
próprios interesses, a união por conta dos problemas pessoais, passa uma ideia
que gosto bastante: não importa se não pensamos da mesma forma dentro do
próprio movimento, no fim das contas, somos todos negros e precisamos lutar
pelo fim do racismo, um mal comum entre todos nós.
Achei
incrível também a participação de dois atores que estiveram no filme Dear White
People (2014) que serviu de base para a criação da série. Tyler James Williams,
que interpretou Lionel no filme, retorna como Carson Rhodes, um negro liberal
de ideais de esquerda e igualitária. E Tessa Thompson que deu vida a primeira
Samantha White, participa como Rikki Carter, uma negra de direita que prega o
racismo como um mito e a igualdade de forma distorcida.
Num
resumo, confesso que achei a primeira temporada mais impactante, talvez pela
chegada revolucionária e até mesmo hostil. Porém, esta segunda apresenta muitas
verdades também cruas inseridas no movimento negro e que acaba, por muitas
vezes, dividindo-o. A temporada também apresenta as minorias igualmente
inferiorizadas pelos brancos e conservadores, mas que às vezes optam por
apoiá-los numa espécie de “mal em comum” para, assim, serem aceitos.
A repercussão e falta de divulgação por parte da netflix influencia, inclusive, na quantidade de vídeos e posts sobre a série que é ainda menor de quando saiu a primeira temporada. Veja a opinião do Ph Côrtes que explica o seu posto de vista sobre a série (apesar de discordar sobre a abordagem da primeira temporada rs):
Dear White People volume 2 é igualmente ácida, acusatória com um humor impecável, dramática na medida certa e, por último mas não menos importante, representativa. E como.
A repercussão e falta de divulgação por parte da netflix influencia, inclusive, na quantidade de vídeos e posts sobre a série que é ainda menor de quando saiu a primeira temporada. Veja a opinião do Ph Côrtes que explica o seu posto de vista sobre a série (apesar de discordar sobre a abordagem da primeira temporada rs):
Dear White People volume 2 é igualmente ácida, acusatória com um humor impecável, dramática na medida certa e, por último mas não menos importante, representativa. E como.
2 Comentários
Mil anos depois, consigo vir aqui ler essa resenha. Li na esperança de que me convencesse a assistir, mas não rolou. Se está na mesma linha da primeira temporada, acho que a série realmente não é pra mim. Acho que já te expliquei o porquê de não ter gostado, ne? O estilo narrativo, principalmente, não me agrada. Eu gosto de linearidade, de uma organização em arcos bem estruturados, e não encontrei isso na primeira temporada. Mas concordo que é injusto a Netflix dar prioridade de divulgação a uma série, em detrimento de outras (mesmo sendo minha série preferida da plataforma, 13RW). Enfim, mesmo não me convencendo, a resenha está ótima! Estava com saudade de ler seus textos, haha! Vou aproveitar e ler mais alguns que estão na minha listinha aqui. =3
ResponderExcluirSim, eu me lembro! A Gabi dePretas postou um vídeo a respeito e a thumbnail do vídeo é "Tá ruim, mas tá bom" e é isso mesmo HAHAHAHA. Tipo, eu gosto muito, mas a primeira temporada foi melhor que essa. Acho que o fato de termos uma série protagonizada por negros é maravilhoso. Além do mais, pode abrir portas para que lancem outras mais.
ExcluirE 13RW, eu que não aguento mais HAHAHA acho que a primeira temporada foi necessária, mas poderia ter terminado ali.
E SEJA BEM-VINDA! Estava com saudades de você por aqui! :3