Título: Na Minha Pele
Autor: Lázaro Ramos
Páginas: 147 páginas
Editora: Objetiva
Movido pelo desejo de viver num mundo em que as pluralidades cultural, racial, étnica e social sejam vistas como um valor positivo, e não uma ameça, Lázaro Ramos divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, respeito, gênero, família, libertação, afetividade e discriminação. Ainda que não seja uma biografia, em Na Minha Pele Lázaro compartilha episódios íntimos de sua vida e também suas dúvidas, descobertas e conquistas para discutir temas caros à sociedade contemporânea. É preciso, segundo ele, discutir um Brasil que ainda deve entender a importância do diálogo. Não se pode abraçar a diferença pela diferença, mas lutar pela sua aceitação num mundo ainda tão cheio de preconceitos. Um livro sincero e revelador, que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro.
Esse livro foi, sem dúvidas, a melhor
leitura que tive este ano. Desde o lançamento de Na minha pele que me vi interessada na leitura, mas confesso que o
preço do livro me deixou um pouco resistente (aquela louca que só gosta de
promoções), mas dei uma passada na Amazon logo nas primeiras promoções do ano e
garanti o meu exemplar. E me arrependi amargamente de não tê-lo comprado antes.
Todo mundo que me conhece sabe o apreço
que tenho por Lázaro Ramos. Desde mais nova que acompanho sua trajetória como
ator e só depois de adulta, só depois de abrir os meus olhos para a importância
da nossa luta que eu percebi o quanto a figura dele é necessária e impactante.
As poucas páginas do livro mudaram a minha visão sobre o mundo, sobre o outro,
sobre mim mesma. Sobre o meu papel como mulher negra e nordestina inserida
nesse país que é claramente racista, mas se nega admitir.
Confira a resenha opinativa da 1ª temporada de Dear White People aqui
Acredito que uma das coisas que dá para
sentir é o amor que Lázaro colocou em cada palavra. Em meio ao discurso de ódio
e imposição de posicionamento que nós temos visto dentro e fora da internet, a
fala dele é cheia de amor, mostrando a importância de se colocar no lugar do
outro, de compreender a vivência de cada um e como, diante do nosso histórico
como país escravocrata, precisamos tratar de forma desigual para que cheguemos
a igualdade.
Uma das coisas que mais me tocou
diretamente foi quando Lázaro disse que “o amor não tem cor”. Seu casamento com
Taís Araújo tem se tornado cada vez mais referência no meio negro e eu acho
isso incrível. Mas, por muito tempo, senti-me reprimida e excluída por namorar um branco. Diversas foram as piadas que já
ouvi a respeito disso, boa parte de péssimo gosto e cheguei a me perguntar se
este fato diminuía a minha militância. Mas Lázaro me fez ver que apesar de ser
incrível termos pessoas ao nosso lado que nos compreenda, que tenha passado por
coisas parecidas que nós, também é importante que ensinemos aqueles que nunca
saberão o que passamos, pois nunca estiveram na nossa pele.
E foi isso que este livro me trouxe:
estive na pele de Lázaro e compreendi todo o processo que o tornou quem é hoje.
E isso foi mais do que o suficiente para que eu entendesse os meus privilégios
e a falta deles em diferentes tópicos da vida. Lázaro me explicou o porquê de
sua ascensão ser tão incrível, mas que ainda assim só reforça a regra. Que ele
e sua esposa inseridos na mídia, sendo sempre lembrados quando o assunto é
militância negra, significa que ainda temos muito o que conquistar.
Na
minha pele é um livro
curto, mas de impacto incrível. Os ensinamentos vão além das 147 páginas e vai
para a vida. O nosso olhar muda, o nosso tato muda, nossa percepção de vida muda.
Citando um amigo meu, o único problema desse livro é que acaba.
E aí, gostou da resenha? Já leu o livro? Conta aí. :)
2 Comentários
Tanto tempo esperando essa resenha, e só agora consegui vir ler e comentar, haha! Desculpa, amiga! Foi culpa da faculdade. Briga com eles, não comigo! =c
ResponderExcluirMas nossa, você me deixou com ainda mais vontade de ler esse livro do que já estava, haha. Quando o vi no Skoob, fiquei bastante curiosa. Confesso que como uma garota branca, classe média, nunca tinha pensado tanto a respeito do racismo e de questões relacionadas a ele quanto depois que comecei a acompanhar o seu blog e a conversar com você. Você me abriu os olhos para muita coisa e tenho certeza de que esse livro me ajudaria mais a ainda a entender tudo o que vocês passam. Ou pelo menos um pouco, ne? Já que agora você me confirmou que vale a pena, vou colocar na minha listinha, haha. Parabéns pela resenha!
É pra compensar a demora que eu levei pra fazer essa resenha, está perdoada! KKKKKKKK
ExcluirOlha, eu fiquei muito feliz de ler o seu comentário, sério! Porque é muito difícil, ainda mais com a problemática das discussões em internet nos dias de hoje, fazer com que as pessoas brancas nos entendam, sabe? Eu gostei muito da abordagem de filmes como Corra (2017) e Pantera Negra (2018), pois trataram de maneira muito subtendida, sem esfregar o racismo na cara do espectador e causar resistência. ENTÃO (falei demais kk) fico feliz de saber que eu pude te ajudar desse jeito, pois significa que estou indo no caminho que eu acredito ser o certo.
O livro é incrível demais, depois me diz o que achou! ♥