Resenha #18 — 'Pão-de-mel'; Rachel Cohn

Título: Pão-de-mel
Autora: Rachel Cohn
Tradução: Santiago Nazarian
Páginas: 220 páginas
Editora: Galera Record
Depois de ser expulsa do colégio interno, a rebelde, obstinada e viciada em café Cyd Charisse volta a São Francisco para viver com a mãe e o padrasto. Mas para ela não há como sobreviver neste lar imaculado: Cyd quer ser livre, e não se importa em quebrar as regras. Felizmente ela tem Pão-de-Mel, sua inseparável e confidente boneca de pano, e seu novo namorado, Siri. Quando sua rebeldia sai do controle, seus pais a despacham para Nova York a fim de passar o verão com seu pai, Frank. Trocar o tédio de São Francisco pelas ruas agitadas de Nova York pode ser até legal. E conviver com o pai e os meios-irmãos era algo que a garota esperava havia muito tempo. Mas o verão na cidade não corre como ela planejara - e Cyd está longe de ser o que a nova família imaginava.  



Como mostrei no post sobre a Bienal de Itabaiana, dentre os exemplares que comprei, estava Cupcake de Rachel Cohn. Mas, já no ônibus de volta pra casa, foi que me dei conta de que se tratava do último livro de uma trilogia. Pensei que poderia ser um desses livros que o enredo é desprendido dos demais, podendo serem lidos fora de ordem, mas o virginianismo de Diogo está passando para mim e decidi comprar os dois anteriores e ler na ordem certa.

“Pão-de-mel” inicia a trajetória de Cyd Charisse, a pequena rebelde. Confesso que já nas primeiras páginas me vi sem paciência para com o drama adolescente da principal. Cyd se mostra uma jovem muito “livre” para a sua idade, falando abertamente sobre camisinhas, sexo e tesão. Ao mesmo tempo, ela carrega uma boneca de pano o tempo todo, tratando-a como um ser pensante que a compreende e até lhes dá conselhos.

Assim, ficou mais fácil lidar com o drama de Cyd, já que a proximidade com a boneca parece estar ligada ao fato que Pão-de-Mel foi presente de seu pai biológico, Frank, aos cinco anos de idade da menina, e que nunca mais entrou em contato. Mesmo tendo papai Sid, o padrasto, a seu favor, Cyd Charisse tem esse vazio deixado pelo abandono do pai biológico que foi preenchido pela boneca – por isso, mesmo aos dezesseis anos, ela não se desgruda do brinquedo.

Apesar de trazer uma temática bem adolescente, o livro é recheado de assuntos sérios como relacionamento com os pais, abandono, sexo seguro, aborto – e, mesmo de leve, drogas. O enredo passeia entre a seriedade dos temas tratados e a leveza da narração jovem, que é desenvolvida pela própria Cyd, em primeira pessoa. Ao desenrolar da trama, você se pergunta se Cyd Charisse vai conseguir amadurecer até o final das páginas, se vai parar de entender tudo como um dramalhão de filme e, é claro, se vai deixar Pão-de Mel de lado.

No fim das contas, a quebra de rotina, a ida até Nova Iorque e a convivência com seu pai biológico – que, inclusive, ela é a CARA dele – seus meios-irmãos e Luis, o motorista, Cyd percebe o quanto sua relação com Nancy, sua mãe, é importante – principalmente pelo modo como sua mãe sofreu para tê-la e mantê-la consigo. Cyd vai compreender a importância do diálogo e a necessidade de amadurecer – seja este pelo modo mais difícil.
Ah, e é claro, vai finalmente se dar conta que exagerou e MUITO no término com Siri. Mas essa parte fica para a próxima resenha!

“Pão-de-Mel” foi um livro que comecei sem expectativa nenhuma e confesso ter me surpreendido bastante. Foge um pouco do estilo de livros que leio, mas não me decepcionou.


E aí, já leu? Quer ler? O que achou da resenha? Conta aí :) 

2 Comentários

  1. Hnm... Nope. Acho que esse, eu vou passar. Eu lembro de ter visto "Cupcake" em uma livraria e de ter me interessado pela capa (e sim, eu conheço o velho ditado, mas...). Mas depois dessa resenha, me desanimei um pouco. Sei lá, acho que eu não teria paciência para outro desses dramas adolescentes estilo "coming of age" (história que mostra o amadurecimento de uma personagem). Eu AMO literatura adolescente, amo mesmo. Mas esse tipo de draminha adolescente-se-reaproxima-do-pai-e-amadurece-no-processo já me cansou desde "Crepúsculo". A menos que tenha uma perspectiva bastante diferenciada — o que, a julgar pela sua resenha, esse livro não parece ter —, eu passo.

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    1. Bom, é um pouco diferente dos livros que eu costumo ler, de fato. Como eu disse, de início, a história parece um pouco chata e bem dramática para algo tão pequeno, mas no fim, surpreende um pouco, já que ela percebe muitas coisas não só relacionadas ao pai biológico, como também com o pai adotivo e a mãe. Eu achei a perspectiva diferente de Crepúsculo, já que o foco inicial era o relacionamento de Bella x Edward e nesse o foco maior é o amadurecimento de Cyd. Enfim, apesar de todos os contras, foi uma leitura boa e rápida, que também teve seus prós :)

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