Título: O menino do pijama listrado
Autora: John Boyne
Tradução: Augusto Pacheco Calil
Páginas: 186 páginas
Editora: Companhia das letras
Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz ideia que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e a mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e para além dela centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com frio na barriga. Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.
Em mais uma narrativa envolvendo a
segunda guerra mundial, O menino do pijama listrado traz uma visão diferente da
retratada em O pianista, livro já indicado aqui no blog. Enquanto Wladyslaw
Szpilman apresenta um relato cru e realista das ruas de Varsóvia durante o
Terceiro Reich, Bruno, em sua inocência juvenil, nem mesmo percebe o caos que
se encontra o mundo.
O que mais impressiona na narrativa do
livro é a ingenuidade, derivada de Bruno, personagem principal e quem recebe
maior foco no enredo. Enquanto faz a leitura, quase se esquece a guerra e o
holocausto, este que já era praticado e era forte razão para a mudança da
família de Bruno para “Haja-Vista”. Os detalhes, porém, para a percepção da
guerra como contexto são dos mais sutis ao mais explícitos – como a visita do
Füher a de Bruno.
Entediado, numa casa que é visivelmente
menor que a de Berlim e que não há nada de tão grandioso para se explorar, Bruno
observa pela janela um lugar distante, onde ao que parece, vivem as únicas
crianças da redondeza, além dele e de Gretel, sua irmã. Todas as pessoas usavam
roupas listradas, como pijamas, idênticas as que Pavel, o servente magricelo e
estranho que descascava batatas, usava. Certo dia, cansado de estar em casa e
lembrando-se o quanto adorava explorar, Bruno saiu decidido, seguindo a cerca
que se estendia até o horizonte, cerca a qual tinha sido terminantemente
proibido de ir até lá.
É nesse ponto onde a mais linda história
de amizade começa, numa caminhada mais longa do que o próprio Bruno imaginou.
No capítulo 10, nomeado “O ponto que virou uma mancha que virou um vulto que
virou uma pessoa que virou um menino”, o pequeno alemão chega a um lugar,
cercado por arame farpado, parecido com a fazenda que vê pela janela de seu
quarto. E, então, nos é apresentado Shmuel, um pequeno polonês preso no campo
de concentração.
Os dois meninos, iniciam um laço de
amizade, apesar de suas diferenças. O que mais impressiona na narrativa é
ingenuidade presente em ambos, mesmo diante das circunstâncias que o cercam.
Como por exemplo, o momento em que descobrem que partilham a mesma data de
nascimento. Bruno diz “somos como gêmeos” mesmo estando sentado em frente a uma
grande cerca de arame que o dividia de seu recente amigo.
O livro é leve, mas ao mesmo tempo,
triste. Enquanto Bruno e Shmuel se divertem em uma amizade secreta e
clandestina, nós do outro lado da leitura, somos atingidos pela dura realidade
que os cerca, a ambição de um homem por vingança e poder que dividiu o mundo,
separou famílias e matou milhões.
É
possível perceber também o modo como crianças são influenciadas pelas ideologias
que as cercam, pois em dados momentos, a supremacia pregada pelo nazismo é
vista nos diálogos de Bruno.
[...]“Polônia”, disse Bruno, pensativo, medindo a palavra na língua. “Não é tão boa quanto a Alemanha, é?”
Shmuel franziu o cenho. “Por que não?”, perguntou ele.
“Bem, porque a Alemanha é o maior de todos os países”, respondeu Bruno, lembrando-se de algo que ouvira o pai comentar com o avô em certo número de ocasiões. “Somos superiores”.¹
Após esta arrogância, porém, Bruno em
sua mais pura inocência, percebe o quanto aquilo não parecia certo e que, a
última coisa que ele desejava, era que Shmuel não gostasse de sua companhia.
O menino do pijama listrado nos ensina
sobre amor fraternal, em sua mais pura essência. Independente de cor, ideologia,
classe, nacionalidade – e, neste caso, do lado da cerca.
É
a amizade mais pura e verdadeira, vinda da virtude de uma criança.
menino do pijama listrado, O; John Boyne; Tradução de Augusto Pacheco Calil - 1ª edição - São Paulo : Companhia das Letras, 2013.
Citação 1: página 100.
6 Comentários
Eu quero muitooo ler esse livro! Não sou ligada em assuntos de história e sempre acabo correndo dessas narrações, mas este nem assisti o filme pra me guardar para a leitura. Parece maravilhoso e tocante, só não sei se aguento o final triste :(
ResponderExcluirBeijinhos
http://tipsnconfessions.blogspot.com
Eita, moça, e por que você corre de narrações históricas? São tão boazinhas, af AUHAUHAUAH o livro é muito bom, o filme também, tenho uma sugestão que é boa e ruim ao mesmo tempo: veja o filme ASSIM que terminar de ler. Vai ser um misto de emoções HUAHUHA
ExcluirBeijos
Li sua resenha. Gostei. Quem sabe um dia eu consiga atualizar a minha lista infinita de livros para ler/comprar e, assim, eu comece a ler "O menino do pijama listrado"! :P
ResponderExcluirOlha só quem está por aqui ♥ fico feliz que tenha gostado! E sei como é essa lista infinita de livros para ler/comprar HAHAHAHA o livro é muito bom, principalmente pela narrativa infantil, cativou-me bastante!
ExcluirNossa, a história comsegue ser mais linda ainda do que a retratada no filme.
ResponderExcluirSe já tinha vontade de ler, agora minha vontade ficou mais forte. 😁
Amei a resenha 😄
AI, SIM! O livro é muito amorzinho. Bom saber, moça, cê bem sabe que a minha biblioteca está livre e disponível para a senhorita.
ExcluirFico feliz que gostou ♥