Será que estamos só de implicância e mimimi? Nos
séculos XVI e XVII, bater nas mãos dos canhotos para que eles escrevessem com a
mão direita e se tornassem destros era normal. Ninguém achava absurdo ou
problematizavam queimarem na fogueira os portadores de doenças mentais e
epiléticos sob a alegação de estavam possuídos pelo demônio. Era um pensamento
perfeitamente normal e ninguém ficava de mimimi.
A mulher não precisava votar,
nem trabalhar, ou sequer falar sem a permissão dos maridos, e advinha: Isso
era normal. Normal até que alguém resolveu problematizar e questionar
paradigmas. Começou o mimimi, as lutas por direitos, por voz e igualdade, não
só de direito, mas principalmente de respeito. E quantos homens que tem pavor
da palavra feminismo, estão hoje dividindo a renda familiar porque é permitido as
suas companheiras trabalharem? E quantos deles viram em algum momento da vida
as esposas serem os “homens da casa”?
Quando falamos que tudo é racismo, é
homofobia, machismo e outras formas de preconceito estamos desconstruindo um
mundo que acha que através da “zueira” pode tudo e não é bem assim. Colocar
potássio potássio potássio no final da frase, não vai fazer com que doa menos em
quem tenta, todos os dias, ser aceito por quem é e pelas escolhas que fez. Somos
dignos de respeito independente de ser gordo, magro, negro, rico, pobre,
nordestino, mulher, homossexual ou qualquer outra situação que provenha de
fenômeno social ou genético.
“Besteira, que exagero, se fosse comigo eu não
me importaria”.
Essa frase vem de pessoas que, por algum motivo, tem dificuldades
para olhar as coisas com um mínimo de cuidado, com sensação de pertencimento,
com empatia, como algo que diz respeito a nós mesmos e ao mundo onde estamos
com os pés agora. Se não sentimos que é na/da gente, não cuidamos. Michel Soares
explica a seguinte metáfora: Os bichos tendem a sujar apenas, os lugares onde
eles não vivem, da mesma forma que nós sentimos que é ok jogar lixo pela janela
do carro, porque não sentimos que a rua é nossa casa, mas só um lugar de
passagem de ninguém, ou de alguém que nunca vamos encontrar.
Não há problemas
em “brincar” com o outro se isso não me dói.
Nesta visão, é de se esperar que não
nos encontre algum senso de responsabilidade, nem imaginamos ao fazer uma
piadinha ruim, o tamanho da confusão e sofrimento humano que isso implica. O
que sei e vivo é que em meio a problematização, mimimi e zueira, o melhor é
falar menos inutilmente, fazer menos piadinhas e lembrar o óbvio: estamos
sempre tratando com a vida das pessoas.
Empatia: Capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias. Lus.: Capacidade de se identificar com outra pessoa; faculdade de compreender emocionalmente outra pessoa.
Empatia: Capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias. Lus.: Capacidade de se identificar com outra pessoa; faculdade de compreender emocionalmente outra pessoa.
Mell Andrade, professora, leitora e consumidora voraz de café. Mostra sua alma através da escrita, está em constante descoberta de si mesma. Se me der chocolate eu serei feliz, Não lembro como era minha vida antes das séries de drama e um dia sem música é um dia que não foi vivido.
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